O que fazer quando apenas um herdeiro ocupa o imóvel da família?

Imagine a seguinte cena: após o falecimento dos pais, um dos filhos permanece morando no imóvel da família.


A princípio, tudo parece razoável — afinal, ele já morava ali, cuidava dos pais, e a partilha ainda não foi finalizada. Os outros irmãos, ainda abalados pela perda, não se opõem. Preferem resolver tudo com calma.

Os meses passam. Às vezes, anos. E o que parecia temporário começa a ganhar contornos definitivos.


O uso exclusivo do bem comum pode se transformar em um problema jurídico sério

Enquanto a partilha de bens não é concluída, o imóvel permanece em comunhão entre os herdeiros. Isso significa que nenhum deles pode exercer a posse de forma exclusiva sem compensar os demais — seja por meio de acordo, seja por indenização.

No entanto, é cada vez mais comum que um dos herdeiros assuma o imóvel, usufrua de todos os seus benefícios e não ofereça qualquer contraprestação aos demais.

Esse uso exclusivo, não formalizado e sem oposição, pode evoluir para algo ainda mais grave: a configuração da posse com animus domini — ou seja, a intenção de dono.

Com o tempo, e na ausência de manifestação expressa dos demais herdeiros, essa ocupação pode ser usada para alegar posse exclusiva, e até mesmo requerer a usucapião do imóvel.


Por isso, a formalização é essencial — e urgente

Para evitar prejuízos e disputas familiares futuras, é indispensável que os herdeiros documentem o uso do imóvel enquanto o inventário não é concluído.

Isso pode (e deve) ser feito por meio de:

  • Contrato de comodato com prazo determinado;

  • Acordo entre os herdeiros com previsão de indenização mensal pelo uso exclusivo;

  • Termo formal de ocupação, com cláusulas claras sobre limites, deveres e vedações.

Além disso, é importante que todos os documentos estejam assinados pelas partes e com reconhecimento da situação atual da posse. Essa documentação funciona como uma barreira jurídica contra alegações futuras de posse exclusiva, protegendo o direito de todos os herdeiros.


Evitar o conflito começa com a prevenção

Não se trata apenas de evitar brigas familiares, mas de garantir segurança jurídica. O imóvel herdado é um patrimônio comum, e deve ser tratado como tal.

Deixar a situação correr "em nome da confiança" pode custar caro no futuro.


Se você está enfrentando uma situação semelhante ou deseja se antecipar a esse tipo de risco, nosso escritório pode ajudar.


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